Tenente da PM que agrediu segurança de Bar no Recife está preso

Clique na Imagem para ampliar. Foto: Luna Markman / G1Apresentou-se na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), por volta das 13h30 desta quarta-feira (28), Joacir Justino da Silva, 42 anos, tenente da Polícia Militar indiciado por tentar matar o segurança de um bar do Derby, área central do Recife, com chutes e tijoladas, em dezembro do ano passado. Ele era considerado foragido pela Polícia Civil, uma vez que havia um mandado de prisão preventiva contra ele, sobre o qual o militar estava ciente.

As imagens ajudaram porque deixaram o crime incontestável. Todo mundo pode observar os detalhes do crime e da crueldade com que a vítima foi agredida. (...) Se ele quis beber, tomar remédio e praticar o crime, isso não interfere, vai responder da mesma forma"
Andréa Busch, delegada

A delegada Andréa Busch chegou ao DHPP no mesmo horário, mas em outro veículo. Os trâmites legais da apresentação foram cumpridos em uma hora e meia e ele seguiu para o Instituto de Medicina Legal, para os exames de praxe. Depois, o militar será recolhido ao Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana. Nenhum detalhe a mais foi repassado às equipes de imprensa que aguardavam no local.

O advogado Luiz Ferreira Neto assumiu a defesa do tenente e o acompanhou durante a apresentação no DHPP. "Ontem [terça, 27], quando saiu o decreto preventivo, ele estava na clínica, fazendo o tratamento médico. Hoje, ele veio esponeamente porque a defesa entende que o decreto foi ilegal e tem algumas questões que serão esclarecidas no curso do processo. A defesa está se organizando para tomar a melhor medida necessária, sabendo que, por trás desse todo clamor social sobre o fato, existe um ser humano que precisa de tratamento", disse.

De acordo com o advogado, Joacir está se submentendo a tratamento psiquiátrico. "Já tem histórico de doença mental na família. O irmão já foi diagnosticado com o mesmo CID [Classificação Internacional de Doenças] que ele [o tenente], o F31 [ transtorno afetivo bipolar]. Ele está calmo, sob efeito de remédio, mas veio de livre e espontânea vontade porque entende a sua real situação. Ele mesmo admite que a conduta dele foi extremamente reprovável, mas existe uma série de questões que envolvem aquela prática que serão esclarecidas durante a fase da instrução processual", informou.
Junto com Gleidnaldo Silva dos Santos, amigo que o ajudou a cometer o crime, o tenente foi indiciado por tentativa de homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e por dificultar ou impedir a defesa da vítima. Gleidnaldo foi preso na terça-feira (27). O policial militar também foi indiciado por ameaça contra testemunhas do crime.

A advogada Silvana Duarte disse que vai ingressar, ainda nesta quarta, com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) em favor de Gleidnaldo. Para Silvana, a prisão dos dois foi indevida. "Para decretação da prisão preventiva são necessários alguns pressupostos, dentre eles as pessoas acusadas apresentem alguma ameaça para a aplicação da lei penal ou perturbação da ordem pública, o que significa intimidação à testemunha. Outra coisa que conta a favor deles foi a espontaneidade da apresentação no início da fase policial, quando se apresentaram e foram interrogados, nunca se esquivaram, além do que têm endereço certo, profissão definida e não registram antecedentes", enumera

Imagens foram fundamentais

Segundo a delegada Andréa Busch, que apresentou detalhes da investigação nesta quarta, as imagens das câmeras de vigilância do estabelecimento foram fundamentais para a conclusão do inquérito e o indiciamento dos envolvidos. "As imagens ajudaram muito porque deixaram o crime incontestável. Todo mundo pode observar os detalhes do crime e da crueldade com que a vítima foi agredida", ressalta.

Os equipamentos gravaram toda a confusão, que começa quando o policial pede uma cerveja, por volta das 5h do dia 14 de dezembro de 2014, mas é informado do fechamento do bar. Mesmo assim, tira uma garrafa do freezer. O segurança tenta impedir a ação e é intimidado. Depois de tomar a cerveja com o amigo, o policial vai em direção ao segurança, na frente do estabelecimento. Ele dá murros e pontapés na vítima. O amigo se aproxima e desfere tijoladas na cabeça do rapaz, que cai no chão desmaiado.

Durante a agressão, o policial ainda empunhou uma arma para impedir que testemunhas se aproximassem do segurança. Ao prestar depoimento, essas pessoas afirmaram que o PM as ameaçou falando que "se encostar, eu meto bala pra cima e tiro onda". Assustadas, quatro testesmunhas denunciaram o tenente pela ameaça. "Elas abriram uma representação, mostrando o desejo de que a polícia também investigue essa ação", explica a delegada. Por isso, além de responder por tentativa de homicídio, o tenente foi indiciado por ameaça.
Segundo a delegada, os depoimentos das testemunhas também foram fundamentais para a decisão. Além de relatar as ameças, elas ainda contaram que o acusado planejou o crime. "Foi determinante o depoimento de uma testemunha que ouviu o policial afirmando que não usaria a arma porque não estava fardado, mas iria dar uma surra no segurança e ele não iria resistir", afirmou Andréa Busch. Ao todo, foram ouvidas 16 pessoas durante as investigações, entre funcionários e clientes do bar, taxistas e profissionais de saúde.

O médico da Polícia Militar também foi ouvido e afirmou que o tenente não estava em tratamento psicológico, como havia afirmado após o crime. Segundo o médico, a primeira consulta do oficial aconteceu dois dias depois do crime. Ainda em dezembro, o policial justificou sua conduta afirmando que havia misturado remédios controlados com bebidas alcóolicas e, por isso, teria perdido a cabeça. Depois, no entanto, revelou que tomava a medicação por conta própria. "Se ele quis beber, tomar remédio e praticar o crime, isso não interfere, vai responder da mesma forma", pontua a delegada.

Do: G1

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